Basta lê-las para compreender por que a mídia e os conservadores rejeitam a Reforma Política, a Constituinte e mesmo a consulta aos eleitores
Por Antonio Martins
O sociólogo Manuel Castells costuma dizer que o principal instrumento de manipulação usado pelas mídias de massa não é a distorção, mas o ocultamento dos fatos. Ele se deliciaria com as primeiras páginas de hoje dos três jornais brasileiros mais vendidos.
Reforma Política, Plebiscito e Constituinte são, obviamente, as três principais novidades na agenda nacional. Dialogam diretamente com algo que se sente todos os dias, e que as ruas expressaram com clareza, nas últimas semanas: o descrédito do sistema político. Pois bem: nas capas de hoje da Folha, do Estado e do Globo, estas três palavras perigosas estão literalmente banidas. Desapareceram não só da manchete e demais títulos, mas também dos textos. Comparecem, é claro, nas páginas internas, muito menos lidas. Aí são tratados como “descabelada proposta” (editorial do Estado), “proposta impraticável” (artigo de José Serra no mesmo jornal), “cheque em branco” (opinião do ministro da STF Ayres Britto, destacada pelo Globo) ou “populismo danoso” (texto do diretor da sucursal de Brasília da Folha). Exceção que confirma a regra: este último jornal publicouimportante artigo de Tarso Genro a favor da Constituinte.
Para compreender ainda melhor por que os poderosos temem o plebiscito, vale um exercício. Vamos examinar algumas das perguntas que poderiam ser apresentadas aos eleitores. Eis, apenas para alimentar o instrutivo debate, algumas sugestões. Participe também: para apresentar suas ideias, use os comentários do blog.
Cinco perguntas perigosas ao povo:
1. Você concorda que as empresas devem ser proibidas de financiar políticos e partidos?
2. Você considera que a Lei 9.709 deve ser alterada, de modo a facilitar a convocação de Plebiscitos e Referendos (inclusive por iniciativa dos cidadãos), e a ampliar os mecanismos de democracia direta, inclusive por meio da Internet?
3. Você é a favor de limitar as reeleições, para todos os postos dos poderes Executivo e Legislativo a dois mandatos?
4. Você considera que as eleições brasileiras, para os poderes Executivo e Legislativo, devem admitir candidaturas de pessoas não ligadas a partidos políticos?
5. Você concorda com a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte voltada para a reforma do sistema político?
O plebiscito será importante, acredito que se houver um amplo debate via TV, rádio e redes socias, poderá ser um grande momento para a nossa história, todos estamos ávidos por mudanças significativas.
Defendo que as campanhas eleitorais sejam pagas a partir de um fundo de campanha, que limite os gastos e seja transparente, mas há outras opiniões, uns acham que empresas e pessoa física podem contribuir e tal… Se um cidadão pode ser eleito sem fazer parte de um partido? Nunca havia pensado em tal possibilidade, me abriu uma pergunta na cabeça… Qual o tempo de duração de um mandato? Eu não saberia responder hoje se é melhor 2 ou mais anos. Dois anos é pouco para se realizar projetos, mas é suficiente para se propor pojetos, eu acho. É difícil, por isso o debate deve ser bastante amplo e esclarecedor e as perguntas bem amplas, não podem ser tendenciosas, devem apontar as várias possibilidades…
Patroa: Nem pensar! preciso de vc amnhã. Vou dar um jantar. Esse negócio de eleição é bobagem
Empregada: Mas é meu direito
Patroa: Vc é quem sabe…
Fecha o pano
Obviamente, voto facultativo não será uma pergunta feita no plebiscito, nem em um referendo. Mas, acho que vale o debate, para quem sabe um dia venha acontecer.
Bem, já que queremos reformas políticas, acho que o plebiscito é mais adequado do que o referendo. Nós queremos, então que façamos as propostas. Só acho difícil a formulação delas, porque são muitos temas. Como perguntar sobre lista aberta, fechada, voto em legenda, em um ou dois turnos, financiamento de campanha, tempo de um mandato, enfim, vai ser complexo… Se houver tempo para esclarecimento acho que todos terão capacidade de entender e opinar… Seria bom que o resultado já fosse posto em prática em 2014…