quinta-feira, 4 de julho de 2013

PROPOSTA. TEMA, EDUCAÇÃO DOMICILIAR

Já faz muito tempo que eu digo que odeio escolas. As pessoas acham esquisito, pois, afinal, sou professora. 
Mas tenho minhas razões e não é por outro motivo - esse de odiar escolas - que dou aula particular faz vinte e seis anos! Eu sou formada, sim,mas sempre preferi ensinar em casa. Por quê?
Leia os textos e escreva uma carta dissertativa dirigida aos pais das crianças que estão estudando em casa. Poderá apoiá-los ou não. Mas o importante é que você tenha uma tese clara.
Já faz algum tempo participo deste site
http://ensinodomestico.ning.com/profile/rosemarinhoprado 

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MINHA CASA, MINHA ESCOLA Cresce o número de famílias que tiram os filhos da sala de aula para educá-los no lar. Apesar de processos judiciais, casais temem bullying e desvirtuamento de valores   

Alguns pais ainda estão tímidos, preferem não se identificar, temem ser processados judicialmente. Outros se expõem sem medo, convictos da decisão que tomaram. Em Minas Gerais, é cada vez maior o número de famílias que rejeitam as escolas e assumem em casa a educação dos filhos. Há cerca de 200 no estado, segundo a Associação Nacional de Educação Domiciliar (Aned). E pelo menos nove estão sendo processadas pelo Ministério Público pelo crime de abandono intelectual. Enquanto isso, o assunto já é discutido no Congresso Nacional, por meio de projeto de lei e de uma frente parlamentar. 
Um dos principais divulgadores da educação domiciliar (homeschooling, em inglês) no estado é o empresário Cléber Nunes. Em 2008, ele e a mulher, Bernadeth, foram condenados a pagar multa de 12 salários mínimos pelo descumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente, cujo artigo 55 determina que “os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino”. Dois anos depois, o casal sofreu nova condenação, dessa vez com base no artigo 246 do Código Civil, que descreve como abandono intelectual “deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar”.

Apesar dos revezes judiciais, Cléber e Bernadeth mantiveram a decisão tomada em 2005, quando os filhos Jônatas e Davi, depois de concluir a 5ª e a 6ª série do ensino fundamental, passaram a estudar em casa. A ideia partiu de Cléber, receoso das “tatuagens” que a escola gravaria nos garotos. “Muitas influências sofridas pelos estudantes são irreversíveis. O que está sendo tatuado na mente deles os pais não veem e não conseguem tirar”, explica.
Cléber estava preocupado com os “valores” aprendidos na escola, diferentes e, até, contrários aos princípios cristãos professados em casa. “O que adiantava dizer que os meninos deveriam respeitar os outros, pedir licença antes de entrar em uma conversa, se na escola viam tudo ao contrário?”, questiona o empresário, de 48 anos. Além disso, queria guiar o desenvolvimento intelectual dos filhos. “O propósito era ensiná-los a usar as ferramentas da aprendizagem, serem autodidatas. A escola não consegue fazer isso”, compara.

No início, Jônatas e Davi passaram por um ano de “desintoxicação”. Assistiam a filmes, liam livros e debatiam com o pai. Em seguida, a tarefa dos meninos era escrever textos argumentativos, expondo suas opiniões. Ao mesmo tempo, os dois se aprofundavam no estudo da língua inglesa e de informática. Com o passar dos anos, foram se tornando mais independentes e, atualmente, cada um faz seu currículo.

“Na escola, você fica mal acostumado. A professora escreve o conteúdo no quadro e você só copia no caderno”, acredita Jônatas, de 18 anos. O mais velho, Davi, de 19, completa: “É como se fosse uma linha de produção, com todos aprendendo as mesmas coisas, no mesmo ritmo”. Eles calculam que, nos primeiros meses deste ano, ganharam mais de R$ 30 mil em concursos na área de informática. A irmã caçula, Ana, de 5, nunca frequentou escola e está sendo alfabetizada por Bernadeth, que abandonou o curso de arquitetura para se dedicar aos filhos. “Ela aprende brincando, sem cobrança”, diz a mãe.


INFLUÊNCIA CRESCENTE Nos últimos anos, o exemplo da família Nunes, que mora em Vargem Alegre, no Vale do Rio Doce, tem sido seguido por outros pais. Em Timóteo, 21 famílias adotaram a educação domiciliar, mais seis em Ipatinga e uma em Coronel Fabriciano. Quem calcula, olhando os nomes dos pais em sua agenda, é Maila Godoy de Souza, de 37 anos. Ex-professora, a dona de casa assumiu no início de 2011 a educação dos dois filhos: a adolescente Mali, de 12, e o garoto Calebe, de 10.

A mais velha estudou até a 4ª série e o caçula, até a 3ª. Diferentemente de Cléber e Bernadeth, Maila e o marido, Marcos Gabriel, de 37, copiam em casa o currículo escolar. Lecionam todas as disciplinas convencionais e fazem avaliações periódicas. Eles consideram o ensino escolar  ineficaz, mas a principal razão foi outra. “Hoje, a escola é um ambiente não benéfico para as crianças, sofrem influências que não deveriam, há sensualidade, bullying, tráfico de drogas”, aponta Marcos.

Muitos casais que tiraram os filhos da escola na região também têm em comum serem frequentadores da mesma igreja. Segundo o pastor Carlos Cardoso, que defende a educação domiciliar, a igreja se classifica apenas como cristã. “Não queremos vincular a prática (homeschooling) à religião. Isso pode nos prejudicar, há muita gente preconceituosa”, explica Cléber.


PONTO CRíTICO » Você é a favor da educação domiciliar? 

Ricardo Dias 
presidente da Associação Nacional de Educação Domiciliar (Aned)

SIM
 

“A Constituição diz que este é um dever do Estado e da família. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação também diz que a responsabilidade não é de um ou do outro. Mas a pergunta é: de quem é a primazia da educação? No Código Civil, por sua vez, compete aos pais a escolha do gênero de educação que querem ministrar aos filhos. Não lutamos pela legalização da educação domiciliar, porque não é uma atividade proibida, mas queremos que ela seja regulamentada. E o Estado poderá participar nos supervisionando. Não se trata de tirar a criança da escola, mas oferecer em casa um ambiente mais propício para o aprendizado de acordo com o ritmo de cada um. Na escola, o aluno é um sujeito passivo do conhecimento e muitas vezes não gosta de determinada matéria, porque, para aprender,  precisa liberar afetivamente a pessoa que está ensinando. Em casa, tudo isso acontece naturalmente.”

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Guilherme José Barbosa
pedagogo e consultor educacional

NÃO

“A educação domiciliar rompe um processo de lidar com as diferenças e a pluralidade. Já vivemos em um mundo muito individualizado, em que o contato virtual causa prejuízos para a convivência social. O mundo pede o contrário: que os indivíduos sejam capazes de conviver em grupo, desenvolver habilidades de negociação e mediação e trabalhar em equipe. Estudar em casa não estimula a inclusão e faz com que a criança permaneça entre seus iguais, restringe a diversidade. O contexto da escola contemporânea trabalha com a construção do conhecimento e o conteúdo programático de certa forma cai em desuso. Em vez de apresentá-lo, a gente passa a questioná-lo. São a pergunta e o senso crítico que constroem o conhecimento, e no convívio dos iguais as perguntas são as mesmas. A resposta do professor se confunde com a resposta do pai. São papéis sociais distintos e precisam estar bem marcados.”

Estado de Minas
02/06/2012 

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