jovem de 17 anos diz como
aprendeu 23 línguas
O americano Timothy
Doner adotou o hobby de aprender idiomas e se tornou um hiperpoliglota
ANGELA PINHO
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FALA, TIM!
O estudante Timothy Doner. Ele dedica suas férias e os fins de semana a aprender idiomas (Foto: Emily Berl/The New York Times)
O estudante Timothy Doner. Ele dedica suas férias e os fins de semana a aprender idiomas (Foto: Emily Berl/The New York Times)
Nas ruas de Nova
York, é possível ouvir alguém cantando em hebraico, falando
híndi ou pedindo uma comida em farsi. É possível que tudo isso esteja sendo
feito por uma pessoa só, o estudante Timothy Doner. Aos 17 anos, ele tornou-se
sucesso na internet devido à capacidade de aprender idiomas. Muitos.
Praticamente sozinho. Afirma que já fala 23, incluindo sua língua materna, o
inglês, e promete mais.
Tim, como gosta de ser chamado, resolveu virar poliglota por hobby.
Começou quando estudava para seu bar mitzvah, cerimônia que, na tradição
judaica, marca a maioridade dos meninos, aos 13 anos. Durante a preparação,
aprendeu algumas palavras em hebraico e resolveu continuar os estudos com o mesmo professor.
Pegou gosto. Durante as férias, decidiu estudar árabe numa universidade. Com
base no novo conhecimento, aprendeu outras línguas do Oriente Médio. Estendeu
seus conhecimentos ao sul-asiático e à África. A partir do francês, que
aprendeu na escola, passou a outras línguas latinas.
Para se tornar um hiperpoliglota, Tim diz passar praticamente todos os
dias de suas férias e os fins de semana estudando de diversas maneiras, que
incluem a combinação de diferentes métodos. Para algumas línguas, preferiu
engajar-se em aulas de idioma. No caso de outras, apenas mergulhou em livros
didáticos. Para praticar a fluência, conta que se beneficiou do caráter
multicultural de Nova York, onde vive com os pais. Um de seus passatempos é ir
a Chinatown, o bairro chinês, praticar mandarim com os moradores. Tirou também
proveito da internet. Há dois anos, seguindo o exemplo do também poliglota
Richard Simcott, passou a publicar pequenos vídeos no YouTube falando em
diferentes idiomas. Ao final deles, perguntava: “O que vocês acharam da minha
pronúncia?”. As respostas o ajudavam a melhorar ainda mais o que já parecia
muito bom.
Tim não tem o mesmo nível de conhecimento para todas as línguas –
algumas ele fala melhor, outras escreve, outras apenas lê. Sua desenvoltura
impressiona quem assiste aos vídeos. “Daqui a dois anos, você poderá ter seu
próprio programa na Al Jazeera”, disse um dos primeiros a comentar o vídeo de
Tim falando em árabe, postado quando tinha 15 anos. “Você fala melhor que eu!”,
afirmou uma afegã sobre o vídeo em que ele fala pachto, uma das principais
línguas do Afeganistão. A partir dos amigos conectados à internet, trocou
contatos e passou a praticar idiomas com gente do mundo todo por meio do
programa de comunicação Skype. Num único dia, chega a falar até dez idiomas.
Seu vídeo mais acessado, em que exibe sua fluência em 20 línguas durante 15
minutos, já foi visto por mais de 1,2 milhão de pessoas (assista
ao vídeo). Apesar da fama, Tim rejeita o rótulo de superdotado.
“Sou um bom aluno, mas diria que provavelmente sou mediano em todo o resto”,
afirmou numa entrevista. É também modesto. Além de pedir opiniões sobre sua
pronúncia, em seus vídeos diz coisas como: “No mês passado, comecei a ler em
pachto, e não é tão difícil!”. Acha graça de seus amigos que dizem que seu
hebraico tem sotaque francês – e vice-versa.
>>Nos
EUA, escolas apostam no ensino personalizado para incluir 100% dos alunos na
faculdade
Tim pertence a um grupo de pessoas chamadas de hiperpoliglotas. Pesquisas recentes na área de neurologia descartam uma explicação única para tamanha habilidade. Parte dessa capacidade pode ser do próprio indivíduo – especialistas consideram haver algo de excepcional na facilidade e na agilidade com que Tim aprende línguas. Parte, entretanto, pode ser adquirida.
Aprender uma segunda língua ainda criança ajuda bastante. Alguns hábitos podem ajudar qualquer um a se lançar à tarefa. Em seus vídeos, Tim ensina alguns: não se estressar; não procurar cada palavra no dicionário; ler um pouco na língua estrangeira diariamente, mesmo que apenas um artigo da Wikipédia; misturar métodos até encontrar o mais adequado; tentar falar e ouvir o máximo em músicas, vídeos, novelas e pela internet. Para incentivar o diálogo dentro da rede, Tim estrelou com outros poliglotas o vídeo Skype me maybe, paródia do sucesso Call me maybe, de Carly Rae Jepsen. Ele não se cansa de novos desafios. Em sua coleção, Tim tem um livro sobre português do Brasil. Em breve, deverá falar como um brasileiro.
Tim pertence a um grupo de pessoas chamadas de hiperpoliglotas. Pesquisas recentes na área de neurologia descartam uma explicação única para tamanha habilidade. Parte dessa capacidade pode ser do próprio indivíduo – especialistas consideram haver algo de excepcional na facilidade e na agilidade com que Tim aprende línguas. Parte, entretanto, pode ser adquirida.
Aprender uma segunda língua ainda criança ajuda bastante. Alguns hábitos podem ajudar qualquer um a se lançar à tarefa. Em seus vídeos, Tim ensina alguns: não se estressar; não procurar cada palavra no dicionário; ler um pouco na língua estrangeira diariamente, mesmo que apenas um artigo da Wikipédia; misturar métodos até encontrar o mais adequado; tentar falar e ouvir o máximo em músicas, vídeos, novelas e pela internet. Para incentivar o diálogo dentro da rede, Tim estrelou com outros poliglotas o vídeo Skype me maybe, paródia do sucesso Call me maybe, de Carly Rae Jepsen. Ele não se cansa de novos desafios. Em sua coleção, Tim tem um livro sobre português do Brasil. Em breve, deverá falar como um brasileiro.
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