http://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2013/06/11/elos-perdidos-parte-2-tiktaalik/
“Como é que é? O tique-taque?”, perguntou-me o grande amigo Salvador Nogueira, meu ex-chefe no “G1″, quando sugeri que a gente incluísse o Tiktaalik numa lista dos fósseis mais importantes de todos os tempos. Apesar do nome de gênero propenso a causar problemas de compreensão em português — na verdade, é o nome de um peixe aparentado ao bacalhau numa língua indígena do Ártico –, ele continua sendo uma excelente escolha para continuarmos nossa série sobre elos perdidos.
Tenho um carinho especial por esse “peixápode” — ou seja, mistura de peixe com tetrápode, ou vertebrado terrestre, em linguagem menos arrevesada — porque escrevi sobre a pesquisa que o revelou ao mundo, no já relativamente longínquo mês de abril de 2006.
Descoberto pela equipe de Neil Shubin, da Universidade de Chicago, na ilha de Ellesmere (Ártico canadense), o bicho tem tantas características no meio do caminho entre peixes e animais terrestres que resolvi escrever que era o fóssil que todo estudioso da evolução tinha pedido a Deus. Curiosamente, a polícia de linguagem (e de pensamento) resolveu entrar em ação: vários leitores escreveram para a Folha reclamando da “menção a Deus” conspurcando a pureza da biologia evolucionista. Juro (por Deus) que nem me passou pela cabeça fazer polêmica com a expressão — trata-se, afinal, de mero fóssil linguístico (oops, outro fóssil), que só tem significado religioso se você forçar muito a barra.
Mas vamos ao que interessa, afinal. Por que o Tiktaalik é um fóssil tão importante? Embora seja claramente um peixe, com brânquias e tudo o mais, suas nadadeiras grossas lembram patas e tinham “pulsos” – estruturas ósseas flexíveis nas quais o bicho podia se apoiar. Além disso, também era um peixe com “pescoço”. E suas costelas formam um arcabouço mais sólido, diferentemente do que acontece com os vertebrados aquáticos, mas tal como se vê entre tetrápodes.
É importante lembrar que essas adaptações, muito provavelmente, não eram para caminhar em terra firme, mas para se virar melhor em rios e áreas pantanosas rasas, com muita vegetação e troncos na água — ajudariam o animal a se apoiar nesse tipo de maçaroca e buscar oxigênio fora d’água, um pouco como as piramboias de hoje.
Abaixo, um diagrama simpático do bicho com seus parentes de mais de 350 milhões de anos.
Tenho um carinho especial por esse “peixápode” — ou seja, mistura de peixe com tetrápode, ou vertebrado terrestre, em linguagem menos arrevesada — porque escrevi sobre a pesquisa que o revelou ao mundo, no já relativamente longínquo mês de abril de 2006.
Descoberto pela equipe de Neil Shubin, da Universidade de Chicago, na ilha de Ellesmere (Ártico canadense), o bicho tem tantas características no meio do caminho entre peixes e animais terrestres que resolvi escrever que era o fóssil que todo estudioso da evolução tinha pedido a Deus. Curiosamente, a polícia de linguagem (e de pensamento) resolveu entrar em ação: vários leitores escreveram para a Folha reclamando da “menção a Deus” conspurcando a pureza da biologia evolucionista. Juro (por Deus) que nem me passou pela cabeça fazer polêmica com a expressão — trata-se, afinal, de mero fóssil linguístico (oops, outro fóssil), que só tem significado religioso se você forçar muito a barra.
Mas vamos ao que interessa, afinal. Por que o Tiktaalik é um fóssil tão importante? Embora seja claramente um peixe, com brânquias e tudo o mais, suas nadadeiras grossas lembram patas e tinham “pulsos” – estruturas ósseas flexíveis nas quais o bicho podia se apoiar. Além disso, também era um peixe com “pescoço”. E suas costelas formam um arcabouço mais sólido, diferentemente do que acontece com os vertebrados aquáticos, mas tal como se vê entre tetrápodes.
É importante lembrar que essas adaptações, muito provavelmente, não eram para caminhar em terra firme, mas para se virar melhor em rios e áreas pantanosas rasas, com muita vegetação e troncos na água — ajudariam o animal a se apoiar nesse tipo de maçaroca e buscar oxigênio fora d’água, um pouco como as piramboias de hoje.
Abaixo, um diagrama simpático do bicho com seus parentes de mais de 350 milhões de anos.
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